A crescente presença de plástico nos oceanos é uma preocupação mundial que tem se intensificado ao longo dos anos. No entanto, pesquisadores da The University of Tokyo trouxeram uma nova perspectiva para o problema, desenvolvendo um tipo de plástico biodegradável que pode ser consumido por animais marinhos.

Imagine a possibilidade de ingerir plástico sem nem ao menos estar ciente disso. Rochas compostas de plástico foram recentemente encontradas em uma ilha no Espírito Santo, evidenciando a urgência de buscar alternativas viáveis para lidar com esse desafio global.

A inovação desse novo material plástico, denominado VPR, reside na sua notável capacidade de decomposição, tanto em instalações de reciclagem como na natureza. Baseado na classe de plástico conhecida como vitrímero de resina epóxi, o VPR é durável à temperatura ambiente, mas pode ser facilmente remodelado e moldado com um pouco de calor.

Os pesquisadores demonstraram que, mesmo quando descartado no meio ambiente, o VPR representa um problema muito menor em comparação com outros tipos de plástico. Para comprovar isso, submergiram o VPR na água do mar por um mês, durante o qual o plástico biodegradou-se em 25% e liberou moléculas que servem como alimento para a vida marinha.

O VPR apresenta uma resistência à quebra cinco vezes superior, é capaz de se autorreparar 15 vezes mais rapidamente e recuperar sua forma original memorizada duas vezes mais rápido do que o vitrímero comum. Além disso, pode ser reciclado quimicamente dez vezes mais rápido do que o vitrímero convencional. Uma característica surpreendente é sua capacidade de biodegradação segura em ambientes marinhos, algo inédito para esse tipo de material, como afirmam os pesquisadores.

Além disso, o VPR é notável por sua dureza combinada com elasticidade, o que o torna uma escolha promissora para unir materiais com diferentes níveis de dureza e flexibilidade, um requisito essencial na fabricação de veículos.

Em geral, o plástico representa uma ameaça significativa para a vida marinha. Muitos animais marinhos confundem fragmentos de plástico com alimentos, o que pode resultar em graves problemas de saúde, como obstrução do trato digestivo, inanição e morte. Essa situação afeta uma variedade de animais, incluindo tartarugas, aves marinhas, peixes e mamíferos marinhos.

Adicionalmente, o plástico pode conter substâncias químicas tóxicas que se dissolvem na água do mar. Quando os animais consomem plástico contaminado, ficam expostos a substâncias químicas prejudiciais que afetam seu sistema imunológico e reprodutivo.

A magnitude desse problema é tão preocupante que já existem ilhas de plástico nos oceanos. Em 2022, pesquisadores constataram que a acumulação de micro plásticos no leito oceânico triplicou em apenas duas décadas, sublinhando a urgência de encontrar soluções sustentáveis para lidar com a poluição plástica nos mares.